Sem título de ninguém compreende a residência de criação de Romeu Runa e Vânia Rovisco e produção de uma nova obra colaborativa de dança contemporânea, que ambos interpretam.
A colaboração entre ambos e a vontade de criar em conjunto remonta a 2016, pela ocasião do evento Bregas, no atelier de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira, em Lisboa, onde apresentaram um processo ao vivo que funcionou como uma instalação performativa, uma escultura viva a revelar-se na vez de um produto final, um acto de composição em que os corpos e objectos escolhidos dialogam entre si diante do olhar do público.
Este novo encontro continua a ter como ponto de partida a apreciação mútua pelo trabalho da escultora belga Berlinde de Bruyckere, com quem ambos trabalharam nos seus percursos profissionais, e de outros pressupostos, mas define parâmetros para concluir um processo de pesquisa que se prolongará em futuras apresentações.

Intuitivamente entendemos que há comportamentos individuais que têm maior influência que outros, quase como traves-mestras que suportam toda a estrutura e que se forem retiradas acontece um colapso no sistema. Tal como num arco romano. De certa maneira, o dueto vai ao encontro de uma forma de escrita coreográfica sobre um acontecimento que mesmo abastecendo-se de ideias, não é sobre o que elas são mas sobre o efeito que produzem.

No final, tem lugar uma apresentação pública no The Plot.